sábado, 5 de novembro de 2011

Ninguém acredita no fariseu

Ninguém acredita no fariseu


Ele jura que não tem poder
É raro acontecer, mas José Sarney desta vez passou longe das conversas que definiram, na semana passada, Aldo Rebelo como novo ministro do Esporte. Sarney, aliás, anda aborrecido com a imagem que, em sua visão, construíram sobre sua atuação nas entranhas do poder.
Apesar de ser cortejado por candidatos a ministro no STJ e no STF e opinar diretamente sobre escolha de ministros de Dilma Rousseff, aos mais próximos, Sarney costuma desabafar que “não tem tanto poder assim”. Há pouco mais de um mês, reunido com Dilma e Marco Maia no Planalto, Sarney queixou-se da cobertura da imprensa, que atribuía a ele a indicação do maranhense Pedro Novais para o Turismo.
– Não adianta eu dizer que não. A imprensa continua noticiando que foi eu que indiquei o Pedro Novais.
Surpreso com as lamúrias, Maia interrompeu Sarney com a pergunta desconcertante:
– Mas não foi o senhor que indicou, presidente?

ONGs – é preciso mais que o efeito midiático

ONGs – é preciso mais que o efeito midiático


Há ONGs e ONGs – e algumas deveriam perder o “N” da sigla de tão dependentes do governo. No entanto, é preciso separar o joio do trigo e, nesse sentido, a decisão governamental de suspender contratos para uma triagem chega tardia.
Mas, antes tarde do que nunca. Há ONGs sérias, sem dúvida, que precisam ser preservadas, mas há uma farra no setor que também precisa ser contida. O filtro é o caminho mais clássico e eficiente para alcançar esse objetivo.
A prática de utilizar as entidades não governamentais para desviar dinheiro público não é uma exclusividade, é importante que seja dito, do Poder Executivo.
Ela se alastrou também pelo Legislativo como algumas operações da Polícia Federal já demonstraram. Não são poucos os parlamentares que dela se valem para financiamento de campanhas – e, alguns, até em benefício próprio.
Por isso, o saneamento do setor requer mais que levantamentos, filtros e peneiras finas: se não for implantado um eficiente sistema de acompanhamento e fiscalização, tudo volta com o tempo.
O governo, portanto, precisa demonstrar que deseja ir além do efeito midiático de uma limpeza de ocasião para exibir determinação de impor limites e conseqüências legais a quem ultrapassá-los.
Algo sistêmico que dê eficiência máxima ao setor e longevidade moral e ética a um modelo de complemento governamental que pode ser de grande valia – em parte já o é -, para resultados que o Estado historicamente tem dificuldade de produzir.
Por ora, a mudança ministerial, as primeiras declarações do novo ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PC do B-SP) e as medidas agora anunciadas pelo governo, representam um basta na sangria que estava em curso. É preciso ir adiante.

STF decide que dirigir embriagado é crime

STF decide que dirigir embriagado é crime


O STF (Supremo Tribunal Federal) considerou que beber e dirigir é crime mesmo que não haja dano a terceiros. A decisão, de 27 de setembro, é da Segunda Turma do STF, que negou um habeas corpus a um motorista de Araxá (MG) denunciado por dirigir embriagado.
Na ação, a Defensoria Pública argumentou que não cabe punição a um "comportamento que se mostre apenas inadequado", sem prejuízos concretos.
Por unanimidade o STF decidiu negar o habeas corpus pedido pela defensoria. "É como o porte de armas. Não é preciso que alguém pratique efetivamente um ilícito com emprego da arma. O simples porte constitui crime de perigo abstrato porque outros bens estão em jogo", disse o ministro Ricardo Lewandowski.
Em primeira instância, o condutor foi absolvido, porque o juiz considerou que dirigir embriagado só se torna crime de trânsito quando o ato causa algum dano. O Tribunal de Justiça, porém, entendeu que houve violação da lei.
De acordo com o artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, quem conduz veículo com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior ao permitido pode ter pena de seis meses a três anos, multa e suspensão da habilitação.

sábado, 18 de junho de 2011

Se Cristão é não conjugar o verbo "calangar"

SER CRISTÃO É NÃO CONJUGAR O VERBO "CALANGAR"

Descobri recentemente um outro verbo para o nosso dicionário (desculpem-me os doutos e letrados na nobre língua portuguesa!) muito apropriado para a condição subserviente de muitos leigos e leigas de nossa Igreja diante dos desafios da evangelização. Trata-se do verbo "CALANGAR". O significado é óbvio e ilário! O movimento contínuo do pobre réptil acenando pra cima e pra baixo lembra com exatidão o conformismo e a apatia dessa turba de batizados, que tradicionalmente e infalivelmente cumpre suas obrigações semanais para com a santa madre Igreja - "assiste" a missa dominical, comunga e ouve o "sermão" do padre - mas não consegue transcender as paredes do templo e ascender a uma compreensão mais genuína da fé.

A religião não pode ser aquilo que o filósofo Karl Marx constatava em seus escritos: "Ópio do povo". Ela não pode nos anestesiar, nos distanciar do foco, da essência, das questões primordiais. Em suma, ela não pode nos alienar, ser empecilho para que sejamos sujeitos de nossa história e protagonistas do projeto revolucionário de Jesus Cristo. O processo de alienação ocorre todas as vezes que nos omitimos e nos acovardamos dentro e fora da Igreja diante das situações que geram exclusão e injustiça, quando não temos coragem de tocar nas grandes mazelas da sociedade em nossos discursos e pregações, quando transformamos a nossa fé num mero lampejo de emoção, um momento de pura euforia ou uma sensação de satisfação puramente pessoal. Enfim, alienamo-nos quando olhamos de braços cruzados o bonde da história passar e preferimos continuar em nossa cômoda posição de "calangos". 
 O que é ser cristão mesmo? Olhe com atenção para a vida desse profeta e tente responder a essa simples indagação: Você se considera discípulo e missionário de Cristo? Quais são as grandes opções de Jesus? A opção pelos pobres, pelo serviço, contra todo o poder que oprime; a opção pela misericórdia contra todo legalismo; a opção pela vida, contra todas as estruturas que geram morte. Jesus fez opção, enfim, pela pessoa humana e disse "não" as estruturas desumanizadoras de seu tempo. E nós hoje? Nossas Igrejas são veículos de inclusão ou de exclusão social? Os pobres a frequentam, participam de seus ritos e sacramentos ou permanecem timidamente distantes em seus guetos e periferias?

Não existe cristianismo sem a opção preferencial pelos excluídos e marginalizados. Os cristãos "calangos" vão vivendo os seus dias rotineiros de olhos postos para as coisas do alto, perdidos em seus louvores enfadonhos e intermináveis, de corações piedosos e legalistas, prontos para separar o joio e o trigo com rapidez e destreza, em nome da fé ou do que eles pensam ser "fé". Não se misturam com os infortunados pecadores, experimentam o êxtase do paraíso já nesta vida e zombam dos que pensam diferente, dos que se aventuram a olhar Jesus Cristo de outra maneira, não apenas como o doce e meigo Jesus, mas como o profeta dos marginalizados e desprezados que não se calou diante da tirania dos que detinham o poder para escravizar e oprimir os mais fracos.

Constantemente romantizamos a nossa fé e infantilizamos a nossa relação com Deus. Não existe a verdadeira experiência de Deus sem o compromisso com a vida e com as realidades que nos cercam. É preciso repensar urgentemente nossos conceitos e convicções. Só participa do grupo de Jesus quem tem coragem de não conjugar o verbo "calangar".

Por César Augusto Rocha - Coordenador do Conselho Diocesano de Leigos/as de Tianguá